terça-feira, outubro 03, 2006

Faith

Retirado do diário de Ian Knight.
Era só mais um baile, as mesmas pessoas entediantes de sempre, a mesma aristocracia, os narizes empinados, as mulheres com seus vestidos que alimentaria dezenas de famílias, os homens reunidos em rodas contando suas histórias maçantes, aquilo tudo me enfastiava, entornava uma taça de vinho atrás da outra, só a ebriedade evitaria que eu saísse de lá sem arrebentar com a cara de um duque ou de algum senhor de grandes poses, quando já tentava me desvencilhar de continuar naquele ambiente, onde me encontrava por pura obrigação, foi quando adentrando o salão uma verdadeira visão do paraíso, anjo ruivo, de olhos tão verdes quanto a esmeralda que repousava sobre seu colo.

Hipnotizado por aquela beleza sem comparação e impingido pelo vinho até ali sorvido fui em direção aquele ser maravilhoso, estava tomando de tamanha fascinação que derrubei durante meu avanço diversos prováveis adversários pela sua atenção, sem que desse tempo de qualquer reação tomei uma de suas mão e envolvi sua cintura com meu braço e nos coloquei a deslizar pelo salão acompanhando a música que tocava, seu perfume era suave como flores do campo e seu nome combinava perfeitamente com aquela cândida figura, se chamava Faith, pois daquele momento em diante nunca mais me separei daquela mulher, nos casamos um mês depois e passamos os dois anos mais felizes de minha vida juntos, foi quando minha vida anterior encontrou a nova.

Durante muitos anos, fui conhecido como o Demônio Branco, matei muitas pessoas com minha espada, tanto em nome de meu senhor, como também por causa de meu temperamento explosivo, quando conheci Faith fazia apenas dois mesesque eu tinha largado aquela vida, me rebelei contra meu senhor quando este mandou que executasse uma viúva e seus três filhos, apenas porque ela recusou-se a deitar com ele, oras um homem como ele poderia ter a mulher que quisesse não era motivo para tirar a vida de alguém, ainda mais de um bebê, como me recusara a realizar tal tarefa ele achou que eu tinha perdido a fibra, que não seria cpaaz de brandir minha espada e tentou por si só executar a pena a que me tinha condenado; à morte, ledo engano, com apenas um golpe separei sua cabeça de seu corpo e parti sem olhar para trás.

Agora, tanto tempo depois, aquelas lembranças me assombram, em especial por na porta de minha casa estar marcado com fogo o brasão daquele a quem um dia servi, entro na casa com o coração na mão, chamo por Faith e não obtenho resposta, vasculho a casa e os arredores e nada de minha amada, o desespero tomava conta do meu ser, foi quando em minha direção um cavalo se aproximara, o cavaleiro apeou, ele era enorme, na mão esquerda trazia um machado:

- Demônio, ou devo chamá-lo de Ian, trago um recado de Michael MacCullogh para você.

MacCullogh era o nome daquele a quem servi, Michael era seu filho mais velho, no dia que matei seu pai ele se encontrava em outro canto do país, agora provavelmente me achou, após anos de busca por vingança.

- Se quiser ver sua mulher de novo deve ir a clareira da Floresta Negra, mas infelizmente você nunca sairá daqui vivo, hahahahahaha. - Enquanto gargalhava, aquele gigante ergueu o machado e avançava com uma velocidade incrível, para o seu tamanho, em minha direção, o longo tempo de inatividade em batalhas me afetou me esquivei com dificuldades do primeiro golpe que com certeza separaria meu corpo em duas metades, antes que ele pudesse voltar a carga corri para dentro da casa em busca de minha velha aliada, atrás de mim o machado derubava portas e movéis com golpes rápidos, devido a seu tamanho avantajado meu perseguidor se atrapalhou dentro da pequena moradia, me dando tempo de resgatar minha espada de seu local de repouso, agora novamente reunidos eu poderia me defender e resgatar minha esposa.

Infelizmente a força de meu adversário era descomunal, a cada golpe aparado pela espada, meus braços pesavam mais e fora sua força, sua técnica não me deixava uma abertura que fosse, já começava a acreditar que falharia com Faith quando o acaso jogou a meu favor, graças a chuva do dia anterior ainda havia barro nas imediações que fez que meu adversário escorregasse e seu golpe apenas arranhase minha testa, aproveitando-me do que me fora dado pelos santos, com um golpe rápido separeio de sua arma, assim como de seu braço, para logo em seguida separa-lo de sua vida.

Agora só me restava ir a clareira, porém aquela batalha exaurira minha forças, tinha feridas abertas de esquivas pouco perfeitas e o ferimento sobre os olhos não me permitia enxergar , porém meu coração chamava por Faith e era minha obrigação ir em seu socorro.

Continua na próxima semana.

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