sábado, fevereiro 07, 2009

O Bilhete

Seria mais fácil esquecer a família, os amigos, os erros, uma vida inteira de choros, brigas e derrotas, mas não era o que pretendia Roberto, ele tinha feito seu melhor até ali e não abriria mão de nada, se aquele homem pensava que a arma em sua mão era o suficiente para fazê-lo partir estava enganado.

Roberto tentava lembrar como tudo chegara àquele ponto, com um homem que era como seu irmão a apontar uma arma pra ele dentro de sua própria casa e pior com a ajuda de sua mulher. Não era compreensível pra ele que Pedro, seu amigo desde a infância tivesse lhe traído dessa forma, muito menos que Mariana o tivesse ajudado.

Roberto e Pedro cresceram juntos na Vila Guilherme, um bairro da Zona Norte de São Paulo, jogaram bola nas ruas de paralelepípidos, empinaram pipa, dividiram lanches no colégio, enfretaram brigas com os moleques das ruas próximas, apanharam e bateram juntos, durante a adolescência quando resolveram sair de casa passaram fome juntos, racharam um quarto numa pensão, mas sempre o mesmo esquema, Roberto salvava Pedro e Pedro salvava Roberto, não importando o risco.

Quando Pedro conseguiu emprego, Roberto lhe deu uma força e apoio, quando Pedro subiu indicou Roberto para lhe substituir no seu cargo anterior, eram como irmãos, sem nunca terem sido. Pedro conheceu Manuela, se casou e Roberto foi seu padrinho, e se apaixonou pela cunhada do amigo que deu forças para que ele conquistasse Mariana.

Mas diferente de Pedro, Roberto não cresceu, em vários sentidos continuava o garoto que empinava pipa e jogava bola na rua, não tinha ambições, seu emprego atual lhe era suficiente e por isso deixara passar diversas oportunidades de promoção ou de um emprego melhor.

Enquanto seu amigo não deixava uma oportunidade passar, uma brecha, nada, sempre que tinha uma chance Pedro conseguia por meios honestos ou não, ultrapassar seus concorrentes e subir um degrau na sua condição. Quando ambos contavam 28 anos, Pedro já era diretor financeiro da empresa de transportes, enquanto Roberto continuava como Chefe de uma pequena área administrativa, Mariana já cobrava Roberto há algum tempo sobre a data de casamento, sobre um filho, ela queria casar e ter filhos com ele.

E mesmo amando muito ela, ele não conseguia se ver casado, não conseguia ver outra pessoa dependendo dele, era aterrorizante pra ele imaginar que qualquer coisa que ele fizesse dependeria a vida de quem ele amava, ou de um filho, o medo de fracassar, de morrer antes que esse filho crescesse, de não poder ajudar a mulher que ele tanto queria, não, isso era demais pra Roberto suportar e ele ia enrolando Mariana, pelo menos até que ele conseguisse lidar com esse seu medo, ele esperava que ela o entendesse quando disse isso a ela há 3 meses atrás, mas agora ele via que se enganou.

Pedro e Manuela, por sua vez eram um casal invejado, ela uma moça linda, advogada dedicada ao trabalho, que começava já contar com uma certa fama no Fórum João Mendes pelas suas posições fortes e por sempre tirar uma carta da manga em seus casos, enquanto Pedro tinha subido rápido na empresa de transportes, umas das grandes do país, diziam que em poucos anos seria o presiente e ele também era um rapaz bonito, com musculos bem definidos, porém se ressentia de Manuela se dedidcar mais a carreira do que a ele, Pedro além de ambicioso, tinha se tornado possessivo e egoísta, não podia admitir dividir sua esposa, sua jóia, com discussões sobre leis, com papeladas, carimbos, não, ele a queria só para si como uma jóia em um cofre, ela era sua Manuela, sua.

E por causa desses pensamentos eles brigaram várias vezes, discutiram e quase se agrediram, e durante essas brigas muitas vezes ele era apoiado pela cunhada, que após algumas delas também o consolava e buscava consolo contando a ele que Roberto não era o homem que ela pensava, que ele era medroso e criança demais.

O que aconteceu acabou sendo previsível, após uma das inúmeras brigas, quando Manuela iria viajar para um congresso em outro Estado e Pedro a proíbira de ir, e ela fora mesmo assim, e ainda argumentando que a escravidão acabara a mais de duzentos anos, Pedro cego de ódio e ressentimento, buscou alívio no uísque e torpe pelo efeito da bebida foi a casa de Roberto, mesmo sabendo que ele não estaria lá, mas na verdade ele buscava Mariana e dera sorte, pois foi a cunhada que lhe recebeu e antes que ela pudesse dizer uma palavra, ele a agarrou e a beijou com força, com desejo, com tudo que podia sentir e ela se entregou a ele, como nunca antes com Roberto, porque afinal Pedro era um homem e Roberto era um moleque em corpo adulto.



Continua...(algum dia)

2 comentários:

  1. Dark, você é do mal, né?
    Como vai me deixar assim... sem saber o final???
    :/

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  2. O que é isso, Rodrigo???!!! =S

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