sexta-feira, março 20, 2009

O Bilhete - Final

Pedro e Mariana passaram aquela noite juntos, a primeira de muitas que vieram a seguir, não importava se na casa dele, na de Roberto ou na dos pais de Manuela e Mariana, sempre que Manuela viajava ou era obrigada a ficar mais tarde no escritório de advocacia, Pedro e Mariana acabavam na cama, transando na sala, ou em quarto de motéis, Roberto era mandado para cursos ou para reuniões sempre com a desculpa de que o amigo queria que ele crescesse na empresa.

Os encontros eram constantes e com o passar dos dias começaram a se tornar perigosos, durante um almoço de fim de semana, na verdade um churrasco na casa de Pedro e Manuela, enquanto Roberto estava na churrasqueira e papeava com a cunhada, Pedro se dirigiu a cozinha onde Mariana preparava bebidas, ele se aproximou sorrateiramente dela, passou a mão em suas coxas, subiu por baixo de sua saia e ali mesmoos dois transaram, excitados pelo perigo de serem descobertos.

Mariana até parou de cobrar o namorado no que se referia a casamento e outros assuntos, se tornara tranquila em sua companhia, enquanto isso ela e o cunhado pensavam numa forma de ficarem juntos, Pedro já tinha pensado no divórcio, mas isso tinha um obstáculo: dinheiro. Manuela era a parte rica do casal e ele não queria abrir mão das mordomias que tinha, se encontrava em uma encruzilhada difícil de sair quando parecia que os céus respondiam suas preces.

Roberto e Pedro tinham um trato desde adolescentes, apostavam juntos na loteria sempre os mesmos números, mas depois que começou a subir na vida Pedro tinha parado, mais preocupado com seu sucesso e trabalho do que esperar a sorte lhe prover, porém agora a sorte resolveu dar as caras, lendo o jornal acabara de ver o resultado da loteria, eram justamente aqueles números que ele e o amigo sempre apostavam, ali começou a desenhar um plano sórdido, se havia em seu ser ainda algum pingo de caráter, com certeza evaporou no moento que viu o valor do prêmio 20 milhões e apenas um ganhador, precisava ter certeza de que o velho amigo ainda mantinha a aposta e resolveu dar uma passada na sala dele.

- Seu pilantra, vai nos deixar e nem ia se despedir é.

Roberto fez uma cara de que não entendia nada, quando Pedro entrou na sala com essas palavras.

- Ora não me diga que não viu o jornal, você não continua fazendo aquela nossa aposta antiga, porque se não fez alguém ganhou com o nosso número.

Foi então que Roberto entendeu, e a felicidade e espanto tomaram conta do seu rosto: - Você está brincando comigo não é?

- De forma alguma, você é um milionário agora maninho.

- Nós somos, vc é como meu irmão e o trato era dividirmos.

- Agora você é que está brincando comigo, não é?

- Não, trato é trato o dinheiro é nosso, meio a meio.

Pedro sorriu, acabara de descobrir que era dono de 10 milhões, mas ser dono de vinte com certeza seria mais emocionante, deu um abraço no amigo, dizendo que a noite passaria em sua casa para comemorarem, só lamentava que Manuela estivesse viajando a trabalho, mas que eles dois e Mariana jantariam juntos, convite dele, Pedro. Logo depois ele voltou pra sua sala e ligou para a cunhada, contou a novidade e contou também seu plano, como ninguém sabia ainda quem era o ganhador, iria essa noite se apropriar do bilhete e depois pedir o divórcio, só que quem reclamaria o prêmio seria ela Mariana, assim não precisaria dividir com a esposa. Mas Mariana perguntou o que fariam com Roberto, a resposta de Pedro não a surpreendeu; matariam-no.

O que Pedro e Mariana não imaginavam é que Manuela já desconfiava do marido, porém não da irmã, e tinha inventado a viagem para poder seguir o marido, qual não foi sua surpresa quando viu o marido se dirigir a casa do amigo e ser recebido pela cunhada, com um beijo na boca, não podia acreditar, a própria irmã, não queria acreditar, não podia acreditar, mas era o que ela acabara de ver, mas onde estava Roberto, o que aconteceria se ele descobrisse, teve a sensação de que essas perguntas seriam respondidas logo, pois minutos depois Roberto chegava em sua casa, ela desceu de seu carro e dirigiu-se a casa sorrateiramente, espiava por uma janela e não acreditava Pedro abraçava Roberto como se nada acontecesse ali e pela expressão do moço, este não suspeitava de nada, conseguiu com dificuldade escutar a conversa.

- Aí está ele, dá cá um abraço irmãozinho, já contou pra sua namorada?

- Não, ainda não.

- Conta o quê? - A expressão de Mariana era mais falsa que qualquer uma possível.

- Uma mega surpresa cunhada.

- Mas qual surpresa, vamos Beto diga logo.

- Bem amor, eu e o Pedro ganhamos na loteria.

- Ah, para de brincar Roberto, você acha que eu vou acreditar nisso.

- Mas é verdade.

- Mostra o bilhete pra ela, assim essa São Tomé acredita.

E É nesse ponto que voltamos pro começo da história, assim que Roberto mostra o bilhete, Mariana toma-o de suas mãos fingindo estar emocionada e enquanto o rapaz sorri, vê algo impossível, vê as feições de seu velho amigo, seu verdadeiro irmão se fechar e em sua mão surgir um revólver, mas não um daqueles de brinquedo de sua infância, era uma arma de verdade, daquelas que está se tornando normal ver me noticiários saguinolentos na televisão.

Agora, após toda a verdade revelada, Roberto não sabia como reagir, tinha raiva e decepção nublando sua visão, não conseguia articular as palavras, porém seu corpo se mexia involuntariamente e andou em direção do atacante, nesse instante Pedro atirou, acertando o peito do velho amigo, que tombou, gemendo, com o rosto virado para a janela, onde viu o rosto de Manuela, molhado pelas lágrimas, com o que restava de suas forças, fez um sinal com a cabeça para que ela não fizesse nada,temia que o casal acabasse a matando também, Pedro se aproximou e disparou a arma mais uma vez, desta vez ele sorria, ele e Mariana começaram a arrumar tudo para que parecesse um assalto, Manuela se escondeu nas sombras da rua, enquanto aqueles maníacos saiam tranquilamente como se nada tivesse acontecido.

Após alguns minutos, ela entrou na casa, Roberto ainda estava no chão, ela se aproximou dele, pôs a cabeça dele em seu colo, chorou e murmurou um pedido de desculpas, enquanto suas lágrimas encharcavam o rosto e o peito do bom amigo que jazia ali no solo.

Algumas semanas depois Pedro se divorciou de Manuela, e Mariana reclamou o prêmio como combinado, a advogada nada podia fazer contra eles, não tinha provas, porém sabia que um dia ambos pagariam.






Epílogo

Já se passara 8 meses do divórcio de Manuela e Pedro, quando este anunciou seu casamento com Mariana. Essa notícia chegara a uma casa perdida no interior do estado do Rio Grande do Sul, fora trazida por uma moça belíssima, com um típico sotaque paulista.

- E agora? - A moça perguntava para um vulto que estava sentado no fundo do quarto.

- Agora, eu ainda vou pensar.

- Você já assistiu o filme O Conde de Monte Cristo?

- Já li, mas eu prefiro algo mais direto, se for pra seguir o cinema, prefiro O Troco, com o Mel Gibson.

- Me lembre de comprar um ingresso.

- Você estará na 1ª fila, Manuela.




Fim

Um comentário:

  1. esse final é só para esperarmos uma continuação, humpf!

    hahaha, suspense, boa!

    abs,

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