terça-feira, agosto 03, 2010

Um pacote de jujubas - republicação

Quando inventaram de cada um de nós escrever para esse blog, eu fui contra, falei que não tinha nada para escrever, que queria ficar quieto no meu cantinho, assistindo minha tevê, balançando na minha rede, tomando minha groselha sossegado, mas não, ficaram insistindo dizendo que eu não podia fugir, então muito a contra-gosto aceitei, só que não tinha idéia do que escrever, porém ontem achei que seria de bom tom contar como conheci a pessoa que me deixa feliz desde o dia que nos encontramos.

Esse encontro aconteceu há uns 30 nos ou mais, eu tinha acabado de me mudar para um apartamento, pela primeira vez ia morar sozinho, na verdade já estava morando sozinho à 15 dias e já tinha feito todas aquelas coisas que eram impossíveis numa casa com muita gente, tinha pedido pizza a semana toda, visto filme na sala até de madrugada, saído do banho pelado e molhando tudo pq esqueci a toalha, mas aquela era minha primeira compra do mês eu não tinha nada mais na geladeira a não ser uma soda 2 litros e 1/3 de pizza baiana de dois dias atrás.

Resolvi então ir ao supermercado e comprar algo mais além de refrigerante, quando cheguei no caixa meu carrinho parecia compra de festa infantil, chocolates, danones, dezenas de pacotes de bolachas recheadas, sucos, groselha, refrigerantes, 4 latas de sorvete, um pacote de arroz, 4 pacotes de macarrão, um queijo provolone, um pacote de pão de forma e um saco de um quilo de jujubas, aliás jujubas são aquelas balinhas coloridas, com formato que lembram feijões e não aquela com açúcar cristal em cima, isso são balas de goma, bem voltando as compra comecei a retirar as coisas do carrinho e fui colocando na esteira, as jujubas iriam por último porque eu ia comer algumas já ali saindo do supermercado, pois qual não é minha surpresa quando vou pegar o pacote e ele simplesmente sumiu.

Não acredito que perdi um pacote daquele tamanho de jujubas, será que eu peguei mesmo, ou só imaginei, não, peguei o pacote sim, me lembro que pensei em comer algumas com o sorvete. - Era o que eu pensava, enquanto olhava para o fundo vazio do carrinho, quando levantei os olhos reparei no pacote sendo seguro por uma mão e pra meu espanto uma outra mão se afundava dentro dele.

- Ei, essas jujubas são minhas!

- Hã, como? Não, são minhas. - Foi o que me respondeu uma garota morena, de olhar tranquilo e a boca cheia das minhas jujubas.

- Como suas, você pegou elas do meu carrinho.

- Peguei nada, você tá louco, acha que eu vou roubar jujubas, essas são minhas, acabei de comprar e tirei do meu carrinho enquanto esperava você terminar de passar as suas compras.

-Tirou do seu carrinho?E qual é o seu?. - Eu já estava perdendo a paciência, onde já se viu me chamar de louco e ainda roubar minhas jujubas, se não fosse mulher já tinha lhe dado um tapa no pé do ouvido.

- É esse aqui. - Disse apontando pra um carrinho com poucas compras praticamente colado no meu.

- Tem certeza?

- Claro que tenho. - Já começava a formar uma pequena multidão para acompanhar aquela briga e tudo por um saco de jujubas, foi quando vi uma coisa colorida no carrinho da garota.

- Bem, se você tem certeza, acho que aquele pacote de jujubas logo embaixo desse de absorventes é meu então? - E apontei para o pacote que repousava tranquilo no fundo do carrinho dela. Foi o suficiente para aquela moça tão branquinha, ficar mais vermelha que um tomate, rapidamente ela pegou o pacote fechado e me entregou pedindo mil desculpas, e enquanto ela falava ia ficando mais vermelha e segurando aquele pacote cheio de jujubas vermelhas perto do rosto, não resisti e comecei a rir, dizendo que não tinha problema nenhum e ela acabou relaxando e rindo junto.

Acabamos conversando um pouco enquanto ela terminava de passar suas compras e a convidei para tomar um suco nas lanchonetes que tinha ali dentro do supermercado mesmo, ficamos ali batendo papo por muito tempo, descobrimos que tinhamos muitas coisas em comum, ambos estavam morando sozinhos pela primeira vez, gostavamos de desenhos antigos, de comer sorvete direto do pote e de jujubas é claro, marcamos algumas idas ao cinema e seis ou sete meses depois descobrimos que morar sozinho era chato e juntamos os nossos dois baleiros sob o mesmo teto.

Até hoje, quando um de nós está bravo por algum motivo o outro aparece com um pacote de jujubas e põe perto do rosto é a senha para que comecemos a rir e deixemos os problemas para outra hora.

(Sêo Vellozo, hoje é um Vô amoroso, que passa o seu tempo entre jogos de malha e assistir desenhos com os netos, e que de madrugada assite filmes acompanhado de sua esposa e de um pacote de jujubas, estas proibidas pelo médico e pelos filhos por causa da diabetes)

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