quarta-feira, janeiro 28, 2015

You've Got Mail

Antônio olhava pela janela do escritório, mas o que seus olhos viam não era a cidade enorme lá embaixo e sim o mar distante e o sorriso da garota que tinha conhecido, sobre sua mesa pilhas de papéis esperavam sua análise, porém ele não estava ali, ou melhor, seu corpo físico estava, mas sua mente e coração estavam a quilômetros de distância, para a sua percepção seus pés tocavam a areia molhada, o ar era fresco e agradável e não aquele gelo seco do ar-condicionado, sentou a frente do computador, tamborilou os dedos no teclado, levantou para tomar água, retornou, folheou os papéis, novamente tamborilou os dedos no teclado, estava em dúvida sobre o que fazer, pegou o celular, mas no meio do caminho desistiu de ligar.

Voltou a olhar pela janela, pensava no que fazer, certamente não trabalharia direito hoje, retornou ao computador, ficou parado olhando a tela, os dedos da mão entrelaçados enquanto pensava no que escrever, abriu seu e-mail, digitou o endereço da destinatária, no assunto digitou simplesmente "Oi" e começou a escrever:

     " Oi, 

     Como você está? Vou ser sincero, estou escrevendo esse e-mail porquê não consigo parar de pensar em você, cheguei a pegar o telefone pra te ligar, mas engasguei no caminho, as palavras fogem da minha mente, mesmo agora digitando esse texto não acho as palavras certas, tudo que consigo pensar é no seu sorriso enorme como um sol iluminando meu dia, nos seus olhos que ficam variando entre o castanho e o mel, no seu perfume enquanto caminhava do meu lado, fico aqui olhando pra essa tela de computador, tentando encontrar uma forma de transmitir o que penso e o que sinto, mas não consigo.

     Acabei percebendo que as palavras que conheço são poucas e repetitivas pra fazer o que eu quero, talvez o melhor modo de me expressar seja te abraçar como se não houvesse um amanhã da próxima vez que te ver, porque assim quem sabe meu coração perto do seu consiga falar o que minha boca e minhas mãos não conseguem dizer.

     Beijos, Antônio."

Terminado o e-mail, Antônio deu um suspiro, entrelaçou os dedos da mão e com os polegares abaixo do queixo sustentava sua cabeça enquanto lia e relia o que estava escrito, tentava vencer a indecisão, deslizava o mouse entre enviar e excluir.

Completamente só em sua sala, cercado por um silêncio absoluto, Antônio passou diversos minutos nessa dúvida, até que durante um dos inúmeros vai-e-vens do ponteiro do mouse o telefone tocou alto e com o susto, ele clicou na opção sem perceber.

Estava feito, irremediavelmente feito.

Ah, você quer saber em qual botão ele clicou? E também quem é a garota? 

Não sei, ele não me disse, mas quem sabe, talvez se você olhar na sua caixa de entrada não descubra a resposta.


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